O salto na concentração de carbono de 2016 a 2017 será menor do que a variação do período anterior, mas ainda assim acima da média
A concentração de carbono na atmosfera da Terra pode ultrapassar mais uma barreira simbólica neste ano. Segundo o Met Office, instituto de meteorologia e clima britânico, a concentração pode passar da casa dos 410 partes por milhão (ppm) no meio de 2017. A ultrapassagem histórica poderá ocorrer em maio. Depois, a concentração deve recupar para cerca de 403 ppm, mantendo a tendência de elevação constante desde que a humanidade começou a entupir a atmosfera com os gases de efeito estufa.
O salto na concentração de carbono de 2016 a 2017 será menor do que a variação do período anterior (de 2015 a 2016). Afinal, o salto registrado no ano passado foi o maior em 50 anos de série histórica no observatório de Mauna Loa, no Havaí. Mesmo assim, o aumento na taxa de carbono deste ano deverá ser acima da média.
A taxa de carbono atingiu pela primeira vez a marca dos 400 ppm em 2012. O dado foi confirmado pelo observatório de Mauna no ano seguinte. Em 2016, pela primeira vez passamos um ano inteiro com uma concentração de CO2 na atmosfera acima de 400 partes por milhão. Antes da era industrial, essa concentração ficava abaixo de 300 ppm.
Como brincou o pesquisador Peter Gleick, do Pacific Institute: “A última vez que a humanidade respirou essa atmosfera foi… nunca. A humanidade não existia antes”.
Peter fez o gráfico acima a partir de dados do observatório Mauna. O gráfico mostra como a concentração de carbono se comportou na atmosfera no passado. Os dados vêm de amostras de ar aprisionadas há milhares de anos em geleiras. Os humanos surgiram na Terra por volta de 200 mil anos atrás. Eles nunca respiraram numa atmosfera com tanto carbono. A última vez que a Terra viu essa quantidade de carbono como a de hoje foi há 15 milhões de anos. Naquela época, o planeta era de 3 a 6 graus mais quente do que hoje e o mar estava de 25 a 40 metros mais alto do que atualmente.
Esse gás carbônico adicionado na atmosfera é o principal responsável pelo efeito estufa. O fenômeno faz com que a atmosfera retenha parte do calor do Sol. O aumento na concentração do gás também eleva a capacidade do planeta de segurar o calor. Isso provoca o aquecimento global. O gás carbônico é proveniente da queima de combustíveis fósseis (como gasolina, diesel, gás e carvão mineral) ou da destruição de florestas.
Um dos complicadores dessa concentração crescente na atmosfera é que o carbono emitido fica lá sem se degradar por vários séculos aquecendo o planeta. Por isso, graças ao que já foi jogado na atmosfera, a Terra vai continuar esquentando por várias gerações mesmo que todas as atividades poluidoras fossem suspensas amanhã.
fonte: http://epoca.globo.com/ciencia-e-meio-ambiente/blog-do-planeta/noticia/2017/03/concentracao-de-carbono-na-atmosfera-pode-passar-dos-410-ppm-este-ano.html